quarta-feira, 8 de julho de 2015

Jejum e Purificação

Tenho hábito de praticar jejuns há algum tempo, uns 7 ou 8 meses. Sempre fiz coisa de meio-dia, um dia todo apenas bebendo água e chá. Algumas vezes passava um fim de semana todo só tomando suco de frutas. 
Pouco antes de adotar a Alimentação Viva como "permanente", costumava fazer revesamentos nas sextas-feiras. A cada 15 dias uma dieta apenas com frutas e nas outras sextas apenas líquidos.
Nunca falei muito sobre meus jejuns nas redes sociais porque tinha medo de que minha mãe surtasse por descobrir que passei um ou dois dias sem comer... Até que recentemente contei a ela que gostava de praticar algumas limpezas quando sentia necessidade. A princípio ela torceu o nariz, quis debochar mas no minuto seguinte, sem que eu descrevesse muito a prática, notei em seu semblante algo de compreensão. 
Meus primeiros jejuns foram, em sua maioria, depois de alguma gafe por má alimentação. Sempre depois de comer muito no dia anterior, sempre por causa de remorso e consciência pesada. Não posso dizer que essa prática não funciona. Ainda desconheço melhor remédio para compensar a gula de um dia do que se abster de alimentação no outro. É um tempo para permitir que nosso organismo assimile o excesso de informação. As práticas das sextas-feiras começaram a ser mais conscientes e menos dolorosos, já que aprendi através do Ayurveda a me alimentar bem de acordo com as características que ia reconhecendo no meu próprio funcionamento e quais alimentos se relacionavam bem comigo mesma. 
O penúltimo jejum que fiz, em maio, foi extremamente gratificante. Passei 65h jejuando, em um feriado, sem nenhum esforço. Me senti muito viva e plena e consegui me dedicar essas 65h a práticas de meditação, leitura, estudos e ao pensamento positivo. Estava um período de sol, pude me espreguiçar em sua luz na companhia do gato, fazer curtas caminhadas pelo parque, respirar suavemente. Bebia bastante água e não sentia muita fome nem cansaço. Comparando com meu último jejum, que encerrei hoje as 15h, comecei a entender que realmente precisamos de algumas condições para que um jejum seja bem sucedido.
A última prática
Estive desde as 23h de domingo até as 15h de hoje jejuando. Dessa vez anotei em um caderno todas as sensações e emoções sentidas durante a prática. O objetivo desse jejum era chegar até sexta-feira acrescentando gradualmente alguns alimentos, mas infelizmente não foi possível. Desisti hoje, mas pretendo tentar novamente quando estiver nas tais condições favoráveis. 
Já estava há algum tempo sentindo necessidade de fazer um jejum intenso, até que dois livros me vieram as mãos: Sistema de Cura da Dieta Sem Muco de Arnold Ehret e O Caminho da Prática de Bri. Maya Tivari. O primeiro sugere prática de jejuns intensos e de alimentação exclusiva através de frutas e vegetais e o segundo sugere práticas meditativas, de respiração, ritualisticas e de alimentação natural, porém não exclusivamente viva. 
Nesses dois dias e meio, pratiquei muita meditação, jejuei também do computador e do celular (quero levar essa prática adiante), orei, estabeleci contato com minha respiração, com meus medos através de sonhos e minhas emoções... e como me emocionei! Ainda quero fazer mais dias de jejum pois se abster do alimento físico traz a tona sensações e emoções muito intensas. 
Dediquei esse Jejum às práticas espirituais femininas, visando equilíbrio em meu ser, contato com minha ancestralidade e saudar as Deusas e Divindades que regem nosso sistema. Kali, Shakti, Vênus, Tara, a Lua, Pachamama, minha mãe, minhas avós, eu mesma... 
Falo agora novamente em condições favoráveis. Não me abstenho da culpa de ter frustrado este jejum que era bastante importante para mim, mas sei que posso retomá-lo em outra situação. As condições climáticas não estão das melhores. Estamos no inverno e tem chovido muito, todos os dias. Qualquer pessoa que se observe o mínimo, sabe reconhecer como reagimos ao frio rigoroso e chuvoso: com muita fome e diminuição dos esforços. Então posso dizer que desta vez, houve um pouco de sofrimento. Não parei um dia sequer de trabalhar da mesma forma. Caminho durante 1h para chegar ao trabalho, trabalho em pé, subindo e descendo escadas quase que o tempo todo, carrego um pouco de peso às vezes e depois caminho mais 1h até em casa. Não diminuí esse ritmo e hoje, enquanto voltava para casa, sentia o vento cortando meu rosto e mesmo com o guarda-chuva não me sentia forte o suficiente para caminhar mais rápido. 
Ontem a noite fiz um ritual védico de fogo e tive sensações e visões bem intensas e maravilhosas que mais tarde posso descrever com cuidado. Pratiquei Nadi Shodana como de costume antes de dormir e, para minha surpresa, tive pesadelos bem horríveis. Me deparei com alguns medos e inseguranças profundas que eu achei que já tinha esquecido que sentia. Acordei durante a noite e demorei para conseguir dormir novamente, refletindo sobre essas visões. Consegui dormir mais um pouco e acordei pela manhã cheia de energia, extremamente bem disposta, porém já sentia que meu jejum não passaria desta tarde. 
O jejum em momento algum deve ser equiparado a sensações de angústia, pesar e sofrimento. Deve ser feito com alegria, com consciência de que estamos fazendo bem para nosso corpo físico e sutil, que é um momento de limpeza e renovação. É como quando fazemos aquelas grandes faxinas de fim de ano em nossa casa, botamos todas as coisas velhas e que não nos agradam mais no lixo e ficamos apenas com aquilo que gostamos muito em uma casa limpa e arrumada. 
Fui para o trabalho ainda muito feliz, mas ao passar das horas comecei a me sentir um pouco zonza, fiquei sentada pelo máximo de tempo que consegui e o cheiro da comida no ar me embrulhava o estômago. Compreendi que realmente é preciso de sossego quando se quer jejuar direito. Meu trabalho não me estressa nenhum pouco, me sinto muito contente lá, porém, já estava passando do limite do esforço que meu corpo era capaz nesses dias. Senti então que era hora de voltar a me alimentar. 
Caminhei até a feirinha e comprei algumas bananas, minha fruta favorita! Não esperei chegar em casa. O cheiro das bananas na sacola se misturava com o cheiro da chuva, intensificando o doce. Parei em uma marquise e agradeci a cada pedaço da casca que retirava. Agradeci o aroma doce da fruta, agradeci a cada mordida que dei, agradeci ao sentir os pedacinhos entrando em meu organismo. Agradeci ao sentir meu coração palpitando, meu sangue se agitando nas veias, recebendo o alimento. Me senti plena de felicidade. Meus olhos se fecharam e observaram o sabor em minha língua. Respirei profundamente várias vezes.  
Não sei se era endorfina, dopamina ou serotonina, sei que um grande sorriso se abriu no meu rosto sem que eu tivesse controle e eu me senti - e me sinto - grata por isso. 

Namastê!

Um comentário:

  1. Boa noite! Fica bom também trocando o leite de coco pelo de amêndoas? Gratidão

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